doce...

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sábado, 24 de janeiro de 2015

Borboletas

Marcela estava esticada sobre a esteira, óculos escuro, biquíni branco de cortininha, a pele com um leve toque dourado. Os cabelos cor de mel espalhavam-se delicadamente dando um aspecto displicente a imagem daquele momento.
Absolutamente nada era mais importante do que ela, suas sensações de prazer ao sentir o sol derramando calor por sua pele, o vento fresco que batia e arrepiava os pelos dos braços e pernas, anuncio de que era hora de entrar.
Marcela amava o verão e todas as suas nuances de cores, aromas e sabores.
Cada momento que passava consigo mesma nesses últimos meses tinha um sabor especial, um toque melancólico de despedida da ociosidade que enfrentava ultimamente. Após anos de preparo e estudos Marcela finalmente entrara para a faculdade dos seus sonhos, em breve seria caloura no curso de jornalismo.
Esse era seu adeus as tardes preguiçosas na casa dos pais, em breve iria alçar voou, deixar o ninho, enfim se tornar uma senhorita adulta e responsável por si mesma.
Uma chamada no celular desperta a moça, maldita tecnologia pensa Marcela enquanto se vira preguiçosamente e apanha o aparelho, Ana, sua amiga de longa data avisa que esta confirmada a festa para logo mais e que Lucas está entre os convidados. Marcela sorri e se levanta, recolhe suas coisas e caminha pensando no vestido azul turquesa, comprado recentemente e que cairia bem com seu tom de pele e cabelos.
Após um demorado banho, a moça se arruma e segue para sala, beija sua mãe que lê um livro, avisando que voltaria mais tarde.
Enquanto dirige cantarolando uma canção dos Beatles, Marcela refaz o itinerário em sua mente, primeiro passar no mercado e comprar algumas bebidas, em seguida deixar os livros na biblioteca da cidade e depois ir para casa da Ana, mas enquanto dirige Marcela percebe algo estranho, uma nuvem negra e espessa no céu, crescendo e vindo em sua direção, intrigada reduz a velocidade do carro e ao observar mais atentamente percebe que se trata de milhares de borboletas, de várias cores e tamanhos.
Boquiaberta com o que vê, continua dirigindo com cautela, as borboletas se aproximam mais, até baterem contra o vidro, muitas delas, se debatendo, grudando, sujando e o pior atrapalhando sua visão.
Estou enlouquecendo foi o último pensamento de Marcela antes de bater em outro veículo e cair desacordada, presa ao cinto de segurança.

Continua...